O conhecimento ao alcance das mãos
O Tarô é um baralho com 78 cartas, denominadas de arcanos. Dois grupos formam o jogo: as 22 cartas dos arcanos maiores e as 56 das menores. Arcano vem do latim e significa segredo, revelação. O brusquense Cristiano Voss, de 29 anos, é o primeiro brasileiro a redesenhar um baralho com os 22 arcanos maiores. As outras 56 encontram-se em fase de finalização. As cartas do tarô se completam, assim como masculino e feminino, noite e dia, sim e não. As cartas estão ligadas ao interior e ao exterior. Momentos pessoais são mais bem interpretados através de um arcano maior e os menores são recomendados para acontecimentos do dia-a-dia.
O fascínio de Cristiano por essa arte vem desde criança. As cartas diferentes e coloridas sempre despertaram a curiosidade do tarólogo que, em 1999, iniciou os estudos sobre a arte do tarô. De acordo com a pesquisa de Cristiano, o escritor francês Antoine Court De Gebelin conta a verdadeira origem dessa arte. Na história, um grupo de sacerdotes e faraós egípcios se reuniam para discutir a melhor maneira de guardar a sabedoria. O conhecimento foi escrito em papiros, pedra, madeiras e também sob a forma de um jogo que continha sinais, símbolos, figuras, cores e elementos. Esse jogo expressaria mensagens e revelações que seriam transmitidos somente aos iniciados, não levantado nenhum suspeita sobre o tipo de conhecimento contido. Da Europa para o mundo Trazido por viajantes egípcios, o Tarô aporta à Europa no ano de 1.600. Chegou no continente latino-americano na década de 1940. “Nessa época, tudo que fosse contrário aos dogmas da Igreja era considerado heresia, ciências astrológicas e tarológicas eram consideradas enganadoras”, conta o tarólogo. Algumas pessoas ligam para se consultar com Cristiano, mas ele fica receoso, devido à desconfiança dos conservadores. O tarô é uma ferramenta que, segundo Cristiano, permite analisar, meditar e refletir sobre o passado, presente e futuro, por meio de seu sistema de simbologias e metáforas. Sua função é transmitir informações e conhecimentos através de suas imagens.
De acordo com o tarólogo, autor do livro Tarô Brasileiro, as cartas muitas vezes são confundidas com bruxaria ou macumba. “Na verdade, o Tarô é um meio de entretenimento cultural, uma terapia que estimula a pessoa a praticar o raciocínio, intuição e percepção”, afirma. No baralho, que está à venda junto com o livro, ele criou um jogo para aproximar o Tarô das pessoas através de uma simples brincadeira. Nela os participantes escolhem seus naipes, embaralham as cartas e as deixam viradas para baixo. A cada rodada tentam encontrar as que lhe pertencem, ganha quem completar seu naipe por primeiro. Existem vários gêneros de cartas de Tarô. Pode ser tradicional, surrealista, clássico, religioso, científico etc. A obra do brusquense é baseada no modelo realista. Um super-herói incomum e um baralho espacial “O trabalho de Cristiano é imaginativo e de esmerada qualidade técnica. Evoca certo humor e esperança do povo brasileiro que encontra na loucura de viver. Sua força, sua alegria e sua criação”, comenta Maria Regina Giacomini, crítica de arte. São elogios e incentivos que fazem Cristiano visualizar seu trabalho ganhando grandes proporções. O tarólogo, escritor e desenhista, está envolvido em mais dois projetos artísticos. A criação do Tarô 3000, um baralho futurista, e também na concepção dos primeiros quadros e roteiro de um super-herói chamado Arcano Fênix. “A história do herói que defende a liberdade de pensamento e expressão será autobiográfica e contará com doses de ficção no melhor estilo Matrix e X-Men”, comenta. A filosofia de vida do Tarô, que vislumbra o auto-conhecimento, despertou a imaginação e criatividade de Cristiano. O que será que ele reserva para você? Você mesmo pode jogar as cartas.



